Especialistas em investimentos são unânimes em dizer que, caso o Master não tenha “caixa” para cobrir o rombo, quem perde é o investidor, no caso, a AMPREV, e os aposentados estaduais.
(Macapá-AP) - Tão logo se espalhou a notícia da liquidação do Banco Master, no qual a Amapá Previdências (AMPREV) investiu R$ 400 milhões em Letras Financeiras de alto risco, e temendo que um escândalo maior envolvesse seu padrinho político, o senador Davi Alcolumbre (DEM), o diretor presidente da empresa, Jocildo Lemos, tratou de reunir a imprensa em uma coletiva para desmentir boatos de que os servidores públicos estaduais aposentados ficariam sem receber seus proventos.
Durante o encontro com os jornalistas Jocildo garantiu que ninguém ficará sem receber, e que já foi criada uma Comissão para acompanhar todo o processo de devolução dos recursos investidos.
Mesmo assim, a maioria dos aposentados e servidores da ativa não “engoliram” as explicações, e exigiram de seus representantes sindicais e políticos opiniões mais abalizadas sobre o caso.
Um membro da tal Comissão se apressou em dar satisfações aos servidores:
“Portanto, todas as posições da AMPREV, no mercado, estão sujeitas ao risco de mercado ou, no caso de Renda Fixa, ao risco de crédito, como ocorre com as Letras Financeiras. Tenho plena tranquilidade em dizer que o que fazemos no Comitê é equilibrar esses riscos para, na medida do possível, mitigá-los e, assim, obter melhores resultados. Porém, para atingir os objetivos de investimento da AMPREV não podemos optar exclusivamente pelos ativos mais seguros. É necessário diversificar, incluindo ativos com maior risco que, por isso, oferecem remuneração mais elevada. Nesse contexto, a história das Letras Financeiras do Banco Master é um exemplo dessa diversificação de riscos”, disse um membro do Comitê Financeiro da AMPREV, tentando justificar o injustificável: que a empresa fez um investimento de alto risco, sob orientação do Comitê, com o dinheiro de terceiros (servidores públicos), sem pedir autorização deles.
PODE PIORAR
Mas espere! A coisa pode ficar pior. Segundo o especialista em Finanças Dr. Yure Alesi, em uma transmissão pelo seu canal do Instagram, diante das perguntas se há risco dos aposentados não receberem suas aposentadorias da AMPREV ou se seus proventos poderiam ser parcelados, ele respondeu:
“Para quem recebe hoje pela Amapá Previdências não haverá prejuízos para quem recebe os provimentos. Mas no futuro, o Fundo Garantidor tem um limite de R$ 250 mil por CNPJ ou CPF. Nesse caso, a AMPREV entraria numa lista especial de devolução dos recursos, com a liquidação patrimonial do banco. Havendo patrimônio suficiente após essa liquidação, sim, a Amapá Previdências teria o dinheiro devolvido. Mas, não havendo patrimônio suficiente no Banco Master, após essa liquidação, haverá um prejuízo gigantesco. Talvez, o maior prejuízo que já se tem notícia para os servidores do estado do Amapá”.
Pior: a devolução é de R$ 250 mil por CNPJ ou CPF. No caso da AMPREV, mesmo que o Banco Master tenha patrimônio líquido para fazer a devolução, como a empresa fez o investimento em seu próprio nome, e não no nome de cada segurado, ela receberia apenas R$ 250 mil. Os outros R$ 397 milhões e 50 mil virariam “fumaça”, caso o Master não tenha patrimônio para cobri-los.
MAIS GASTOS NA INVESTIGAÇÃO
A direção da AMPREV instituiu uma Comissão para “investigar” a situação do tal investimento, junto ao liquidante do Banco Master.
Ocorre que cada membro dessa tal Comissão vai receber de gratificação, por cada reunião – pasme! –, 20% sobre o salário do presidente da AMPREV, que é de modestos R$ 18 mil. Ou seja, cada membro da Comissão vai receber, além do seu salário mensal, R$ 3.600,00 por cada reunião que participar. Caso eles marquem 10 reuniões, lá se vão R$ 36 mil a mais para o bolso de cada um deles.
Detalhe: a tal Comissão, composta por membros da própria AMPREV, é a mesma Comissão que aconselhou a direção da empresa a investir os R$ 400 milhões nos papeis de alto risco do Banco Master.
Fonte: Da Redação. Imagem: Divulgação/Internet.
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