O prefeito de Macapá, Antônio Furlan, reinaugurou esta semana a “Praça das Bíblias queimadas”, a Praça Veiga Cabral - um dos filhos de Veiga Cabral foi presidente da Assembleia de Deus A pioneira no Amapá -, localizada no Centro da Cidade, em frente à Catedral Católica, na Rua São José.
A inauguração aconteceu na sexta-feira (10). Foi nessa praça que, em 1916, o padre Júlio Maria de Lombaerd queimou, “aos pés” do Cruzeiro, as Bíblias trazidas pelo colportor protestante Clímaco Bueno Aza, o primeiro evangélico a se dispor a trazer a “nova” religião às terras tucuju.
Além de ter suas Bíblias queimadas em praça pública, o missionário Clímaco ainda foi detido pelas autoridades locais nas masmorras da Fortaleza de São José de Macapá. Dias depois, o referido missionário foi libertado por meio de um Mandado de Segurança (na época ainda não existia habeas corpus no Brasil) impetrado, na Justiça, pela Assembleia de Deus de Belém do Pará, que havia enviado Clímaco a Macapá.
A prática de queimar Bíblias em público, na Praça Veiga Cabral, se estendeu por mais de quarenta anos. Há notícias de que até o ano de 1956 isso acontecia. Ainda hoje se acredita que algumas famílias protestantes guardam relíquias de pedaços de páginas queimadas que se espalhavam ao vento na hora da “fogueira” das Bíblias, como testemunham alguns membros da família da saudosa irmã Odete Penafort, do bairro Laguinho.
Tal cisma entre as duas religiões foi fruto de um processo de laicização do Brasil, que começou a partir da promulgação da Constituição Republicana de 1891, que desconstitucionalizou o sistema de religião oficial previsto no artigo 5º da Constituição Imperial de 1824.
A partir da década de 1960, com a laicidade normalizada, crentes e católicos passaram a ter boa convivência e respeito mútuo, que mantêm até aos dias atuais.
Fonte: Revista do Centenário. Autor: Besaliel Rodrigues,
2017, p. 11. Disponível na internet. Imagem: Divulgação/Internet.

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